Lançado em 2001 após uma verdadeira odisseia de produção, “O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel”, dirigido por Peter Jackson e baseado na ilustre obra de J. R. R. Tolkien, a empreitada foi bem recebida pelo público, que aclamou o filme como um divisor de águas nas produções cinematográficas. Além de atuações impecáveis e roteiro excepcional, o filme também se destacou pela ambientação profundamente realista.
O trabalho formidável da Weta Workshop de Richard Taylor incentivou James Cameron a dar continuidade ao seu projeto mais ambicioso: Avatar, planejado desde 1994 (antes mesmo da estreia do icônico Titanic) mas que somente veio ao mundo em 2009, revolucionando a sétima arte ao dispensar exaustivas jornadas de maquiagem e montagem de cenários pelo uso de tecnologia 3D.
O sucesso imensurável da iniciativa somente foi superado pelo advento de “Vingadores: Ultimato” dos irmãos Joe e Anthony Russo, dez anos após o debute da saga dos Na’vi nas telonas. Todavia, essa conquista somente se concretizou após uma construção narrativa entre vários filmes do Universo Cinematográfico da Marvel, geralmente fazendo uso da tecnologia ostentada por Cameron que se tornou tendência na indústria de blockbusters (como o primeiro Doutor Estranho e os demais Vingadores). Outro aspecto exaustivamente explorado no cinema atual se trata de adaptações para franquias renomadas, como o recente Sandman disponibilizado em agosto pela Netflix.
Os estúdios seguem insistindo com essas práticas afim de replicarem o sucesso dos protagonistas desse texto, ao invés de apostarem em inovações na narrativa e fotografia como produções independentes. O mercado saturado não conseguirá entregar um novo “Senhor dos Anéis” ou “Avatar” nesse ritmo justamente pela expressão que dá título ao artigo – do inglês, “lightning in a bottle”: O ato de fazer a coisa certa, no lugar certo e no momento certo.
Práticas predatórias e genéricas são incapazes de rivalizar com esforço genuíno. James Cameron sempre se manteve consciente acerca desse fato, justificando a longa espera pela continuação de seu longa-metragem por prezar pela qualidade do enredo em diferentes camadas. Somente em 15 de dezembro teremos o prazer de conferir a veracidade de seu empenho, com o lançamento nacional de “Avatar – O Caminho da Água”. Afinal, todo cineasta busca não apenas capturar, mas manter o seu “relâmpago” dentro da garrafa.